27.10.07

BOMBEIROS
No caso de eu me trancar de vez no meu quarto, apenas com o álcool, o cigarro e os livros, a pior das hipóteses é um incêncio.

24.10.07

SONHO ÀS ANTIGAS
Tive um sonho diferente. Não do tipo que é diferente porque exagera na loucura ou no improvável. Esse foi um sonho acordado, bem às antigas, quando estava eu no Ó do Borogodó, na companhia de meu velho amigo Alex, ele que faz PUC-SP, numa evolução, a meu ver, ao sair do IBMEC.
Nem cheguei a comentar com ele esse lapso sonhador que tive bem no meio do copo de cerveja, porque não me parecia exatamente parte do assunto. De qualquer modo, sonhei algo de olhos abertos mais ou menos da seguinte forma...
Paralizada a imagem, via-me eu mesmo, na mesa do Ó, tal como ali se fazia no "mundo real". O mais importante, entretanto, não era a imagem, mas sim e principalmente o pensamento.
Inevitável a crise, quando a boa filosofia alemã solipsista - da qual compartilho - se contrapõe à paixão inexorável existente na maioria dos seres humanos e, apesar das dúvidas, em mim também. Disso decorrem algumas dúvidas, todas elas estampadas no sonho paralítico acordado, quais sejam, a de se isolar por completo e deixar de lado as paixões; a de se entregar às paixões e comprometer o intelecto; ou, na melhor das hipóteses, acreditar e fazer ocorrer que ambas as hipóteses possam ser combinadas, fazendo com que o amor e o intelecto coexistam numa espécie de perfeição de vida que não se pode nem pensar em pensar...
No sonho, em verdade, tudo parecia, a um só tempo, o retrato da tese e da anti-tese que resistem no ponto médio entre o colapso e a paz, de modo que aquele gélido momento se revelava crucial, ao passo que se tratava do momento da decisão que mudaria minha vida por todo o tempo que durasse.
O que fazer, leitor de alta tolerância, quando sua vida está encoberta de violinos em trítonos ousados? O que fazer quando se está diante do seu auto-retrato obscuro?
Porque há o momento quando seu sonho é à moda antiga. Ele é preto e branco, querendo ter cor, mas sem saber onde encontrar as cores primárias...

16.10.07

ELA É CARIOCA
Os Quarenta Anos da Mônica
Prima, você deve ter (ao menos deveria) um orgulho muito grande de sua idade, razão pela qual não evitei em evidenciá-la, sua idade, no subtítulo.

Tenho, por óbvio, minhas particulares impressões sobre a festa e toda minha curta e insuficiente estadia na cidade maravilhosa. E tais opiniões são as honestas, porque há tempo descobri que são desnecessárias as "médias" com o povo daí.

Sobre o Leblon, este é o lugar que me dá meios de começar a entender a cabeça desses inspiradores, a saber, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, particulares dentre tantos outros. Específicos agradecimentos ao primo Beto, pela recepção e disposição botequineira inesgotável.

Sua casa, prima, agora pronta e batizada, é uma obra de verdadeira inteligência arquitetônica, acompanhando a impressão que passei a Ricardo, seu marido, meu primo, por conseguinte. Já era tempo de a Idéias e Projetos dar a quem não a conhecia uma prova de sua imensa competência.

Sobre os olhares da festa, muitos pude ver; certamente comprovam que há brilho de sobra para todo o Rio de Janeiro naquele selecionado grupo carioca com seu jeito de simplesmente ser.

Mas o que de fato não pode ser deixado de lado é o fato de que nossa ampla família coleciona personalidades novas, criativas e importantes.

E não é outra a razão, a acima descrita, de eu deixar este singelo texto, destinado a dizer que comemoro com orgulho e lágrimas de alegria não só a composição da família, mas também e principalmente seus nobres quarenta anos.
Beijos e até minha próxima visita à cidade maravilhosa...

14.10.07

BOPE
Em Relação ao Filme Tropa de Elite
Nenhuma previsão que eu possa fazer a meu próprio respeito irá concluir que algum dia eu venha a ser a favor da pena de morte. Mesmo olhando para alguns indivíduos sobre os quais talvez pudesse dizer que merecem morrer, o instituto jurídico da pena de morte me parece o mais inaceitável de todos os vigentes ao redor do mundo.
Meu sossego, em relação ao Brasil, é a impossibilidade jurídica atual de instalação da pena de morte.
Entretanto, o ânimo do povo, em especial o carioca, tem sofrido uma mudança em relação ao tema, cuja discussão é muito bem colocada em Tropa de Elite. Está nos jornais e revistas que o público aplaudiu a película ao seu término.
Cinematograficamente, o aplauso é merecido. O filme é uma obra de arte do cinema nacional, resultante da competência do roteiro aliada à competência do elenco. Sobre isso não há dúvida.
De se aplaudir, ademais, a bravura dos homens que se encontram num estado de guerra declarada, a que não se deve imputar responsabilidade aos soldados, mas ao sistema que nos levou diretamente à falta de segurança social.
De se aplaudir, por fim, tudo aquilo que demonstra que há, no BOPE, competência para reduzir os malefícios do tráfico de drogas e armas que pairam sobre os morros do Rio de Janeiro.
Agora, a despeito do evidente período de transição de que todos fazemos parte, período em que sofreremos de vários modos, o que não se pode fazer, platéia dos cinemas brasileiros, é aplaudir o homicídio, porque, fazendo isto, estaremos nos condenando à morte sempre injusta.
Se todo poder emana do povo, este não pode legitimar o assassinato. Seríamos todos homicidas e estaríamos sujeitos às próprias penas.
Vida longa à existência...