15.4.09

A UM CÃO SINGULAR
E ao plural de cães.
Houve até quem dissesse que meu irmão tinha se precipitado, antecipado-se. Não sem razão, mas também não com ela.
Mas a alegria dele, ao chegar, com seu jeito espalhado de ser, vivaz, atento, pronto para o novo, contagiava até que, depois, sofreu de seus dentes ciumentos e defensivos. Os donos eram só dele; de mais ninguém.
Pastor de onze filhotes fortes de personalidade, Calvin foi amado por homens e cães.
Medroso que só ele, não queria saber de escadas, fosse para subir ou descer. E as orelhas oscilavam entre arranha-céus e grama baixa de jardim. E nem fazia questão de comer se fosse para dar atenção aos donos. Humilde e altruísta.
Não havia como dar três passos na cozinha sem que os pés fossem tocados por suas patas, como se dissesse: "estou aqui, não passe em branco, não esqueça de mim".
Não esqueço não. Sem essa. Era meu pastor e nada me faltou.
Exceto a partir de hoje, quando, constatada sua morte, falta-me Calvin, mas não falta em lembraça.
Um pastor alemão de converter nazista. Foi-se para não ver ninguém ir.
Eu vi a lágrima e dela compartilho. Só quem tem sabe o que é.
Um abraço.
Por amor aos cães, por amor ao meu.