24.10.07

SONHO ÀS ANTIGAS
Tive um sonho diferente. Não do tipo que é diferente porque exagera na loucura ou no improvável. Esse foi um sonho acordado, bem às antigas, quando estava eu no Ó do Borogodó, na companhia de meu velho amigo Alex, ele que faz PUC-SP, numa evolução, a meu ver, ao sair do IBMEC.
Nem cheguei a comentar com ele esse lapso sonhador que tive bem no meio do copo de cerveja, porque não me parecia exatamente parte do assunto. De qualquer modo, sonhei algo de olhos abertos mais ou menos da seguinte forma...
Paralizada a imagem, via-me eu mesmo, na mesa do Ó, tal como ali se fazia no "mundo real". O mais importante, entretanto, não era a imagem, mas sim e principalmente o pensamento.
Inevitável a crise, quando a boa filosofia alemã solipsista - da qual compartilho - se contrapõe à paixão inexorável existente na maioria dos seres humanos e, apesar das dúvidas, em mim também. Disso decorrem algumas dúvidas, todas elas estampadas no sonho paralítico acordado, quais sejam, a de se isolar por completo e deixar de lado as paixões; a de se entregar às paixões e comprometer o intelecto; ou, na melhor das hipóteses, acreditar e fazer ocorrer que ambas as hipóteses possam ser combinadas, fazendo com que o amor e o intelecto coexistam numa espécie de perfeição de vida que não se pode nem pensar em pensar...
No sonho, em verdade, tudo parecia, a um só tempo, o retrato da tese e da anti-tese que resistem no ponto médio entre o colapso e a paz, de modo que aquele gélido momento se revelava crucial, ao passo que se tratava do momento da decisão que mudaria minha vida por todo o tempo que durasse.
O que fazer, leitor de alta tolerância, quando sua vida está encoberta de violinos em trítonos ousados? O que fazer quando se está diante do seu auto-retrato obscuro?
Porque há o momento quando seu sonho é à moda antiga. Ele é preto e branco, querendo ter cor, mas sem saber onde encontrar as cores primárias...