18.7.09

MEU CARO AMIGO
É fato que não é a primeira vez que um texto meu será concentrado em torno do nome de um amigo próximo. Entretanto, como disse meu pai, com louvor, quando eu ainda era pequeno: "saiba reconhecer uma pessoa diferenciada".
Hoje, passados muitos anos, verifico quem são os amigos diferenciados de meu pai, além de vincular-me, inevitavelmente, a produzir a minha própria lista. Já antecipo, porém, que não vou elencar os amigos que tenho como diferenciados, os quais, por sorte minha, são diversos. Apenas pretendo analisar os resultados parciais de anos de amizade; aparentemente, jamais em vão, nesse específico caso.
Certa vez, quando eu contava com poucos, mas bem pensados, quatorze anos, a professora Rosa Maria confiou-me que seu filho, Pedro, também era músico, além de escritor.
A importância que dei a essa notícia era a que tinha condição de oferecer, lembro-me bem: "O filho da Rosa é músico". Um ano mais tarde passei a integrar a banda que Pedro liderava como vocalista e compositor. Naquela banda: Pedro, Viana (guitarra), Paolo (baixo), Guga (percussão) e eu (teclados).
Ainda que eu fosse jovem em demasia para notar, nascia ali, além de com os demais citados, uma amizade que tinha muita lenha para queimar, com o respeito dos ambietalistas.
Mesmo depois de decretado o fim daquela banda, minha amizade com o Pedro jamais enfraqueceu. Pedro formou-se publicitário muito bem sucedido, diga-se de passagem. Ele é até colunista do Guia da Semana (guiadasemana.com.br). Eu, por minha vez, terminei a faculdade de direito, sem, entretanto, ter colocado a mão no diploma. Sou só músico mesmo...
Mas ele, lá de Nova Iorque, enviou-me um recado, um presente (não só para mim). Esse presente é bem mais amplo do que parece.
Pedro, na posição de colunista do Guia da Semana, não escreveu, versou em grande estilo sobre a Fabulosa Banda do Curinga.
Entretanto (palavra que Pedro e eu apreciamos), além de elogiar minha banda, chegou à perfeição textual, literária. Porque a perfeição chega pra todos. Para o Pedro, chegou antes; e ele, em sendo quem é, em verdade, deu sua perfeição de presente para mim, para o Igor, André, Théo, Felipe, Ney, Bia, Sidney, Renato, Sérgio...
Espero poder retribuir o presente que me foi confiado.
Caso eu não seja capaz, o perdão e a compreensão de que fiz o que pude, meu caro amigo.
O curinga é assim mesmo: sabe que não está só, mas age como se estivesse...

8.7.09

RECICLAGEM
Por obra de acaso ou necessidade, acabo de sair daquele conhecido instrumento de comunicação via internet, o MSN Messenger, que costumo chamar de telegrama instantâneo (já que nele tanto se abrevia), por meio do qual trocava frases com meu grande amigo Eric, que desse país se ausenta, temporariamente, por motivo de estudos áudio-técnicos e musicais.
Disse-me o colega, mais conhecido como Tomatinho (vai saber...) que a Fabulosa Banda do Curinga deveria procurar meios de se apresentar na Califória, já que dispõe de tantos lugares disponíveis para uma banda se apresentar.
À exceção de problemas documentais, não vislumbrei erro na proposição. Porém, ao que me foi escrito em seguida se deve o mote do que se lê nessa publicação:
"Metade aqui é lixo".
Pois bem. Por amor ao debate, suponhamos (por esperança e fé na bossa-nova) que a Fabulosa tenha condições de se apresentar na Califórnia satisfatoriamente. De que serviria essa apresentação?
De nada, certamente. Além do fato de que a Fabulosa Banda do Curinga é uma banda completamente autoral, aliada ao vernáculo nacional, de que serve lavar a roupa em território estrangeiro?
Daí decorre a análise crítica: sair do país para lavar a roupa de ianques dissimulados, além de prova de incompetência, é uma falta de respeito para com a nação brasileira.
A Fabulosa Banda do Curinga é nascida verde e amarela e nessas cores viverá, ainda que pouco e para pouco. Caso essa banda não se faça verdade aqui no Brasil, não terá sido além de mentira.
A crítica não é ao grande amigo, que fez papel de produtor nato, a quem dedicaria Meu Caro Amigo, de Chico, nesse momento. A crítica, em verdade, não há.
O que há é a vontade de que no velório da Fabulosa Banda do Curinga não se cante Mais um Adeus, de Toquinho e Vinícius, ainda que seja verdade: "o amor é uma agonia/ vem de noite, vai de dia/ é uma alegria/ e, de repente, uma vontade de chorar".
Amo esse país e dele não saio para fazer sucesso; saio por tê-lo merecido; saio por tê-lo feito aqui mesmo.