NÃO HÁ CONCORRÊNCIA
Pelos últimos dois minutos e meio, no máximo, fiquei pensando em como as coisas são efetivamente.
Em termos de contribuição cultural e artística, que é o que nos interessa efetivamente (virtuosos podem pegar senha para sair pelos fundos), há o que deixe absolutamente tudo para trás e desponte elegantemente na lista do que há de mais importante. Outras coisas, porém, se seguram como podem com um som bem gravado, mixado e masterizado e um show produzido. Até acertam em algumas composições, raramente, mas acertam.
O resto mecere respeito, pois que a luta é a mesma, mas desmerecem qualquer comentário. No Brasil, no "underground", sofre-se de falta absoluta de talento e honestidade. A melhor notícia do "underground" nacional deve ser a saída do vocalista da banda Granada, demonstração de personalidade, além do que, dizem que o cara é bom mesmo.
Mesmo assim, se considerarmos o que há de melhor na música produzida no Brasil, independentemente de ser em português ou em inglês - ou instrumental -, aquilo que mais contribuiu, em todos os sentidos (cultural, intelectual, filosófico, político), foi a música popular brasileira. Música Popular Brasileira. Bossa Nova. Samba.
Já foi dito, aqui no Brasil, que não seria possível colocar a produção da MPB na frente de outras coisas de fora (o rock em geral) por uma questão técnica, de captação, produção ou o que seja.
Pois tenham o devido perdão. Porque eu, com todo o respeito que um apaixonado por rock pode ter, sou incapaz de colocar o que quer que seja, que venha de qualquer lugar, na frente de Tom, Vinícius, Cartola, Pixinguinha, Zé Ramalho, Leninne, Adoniran, Chico Buarque de Hollanda (!), Geraldo Azevedo, Vandré, Alcione, Elba, Zé Ramalho, e tantos outros que me falta ânimo em escrever, apenas pela suposição (provavelmente válida) de que metade das pessoas que precisam desse texto não fazem idéia do que estou falando, e a outra metade é puro desdém.
Fora do Brasil, diria eu: Eric Clapton, Jamiroquai, Supertramp, Queen, John Mayer e Ry Cooder.
Aqui dentro: Renato Russo e Raul Seixas, pela literatura envolvida.
Mas nada disso é melhor do que a bossa e o samba. O motivo? O rock ainda é a várzea; ainda é virtuoso. Muita elegância e estilo precisa de ser extraída para subir no conceito de artisticamente relevante.
Impossível de suportar os aproveitadores da sociedade do espetáculo. A arte deveria ser a saída em direção a um mundo melhor. Onde está, então, o maravilhoso rock? Quem tem coragem de tomar essa postura?
O que falta é pesquisa e leitura.
PRG