13.12.07

POR AMOR À CIÊNCIA. POR OFENSA A NINGUÉM.
Absolutamente Livre do Mal das Certezas e do Óbvio.
De cara, fazendo valer o subtítulo, devo alertar ao leitor que não tenho certeza do tamanho do texto que escreverei hoje. Então, pode ser saudável abaixar um pouco a página para saber a extensão da coisa. Não leia sem tempo. Não me refiro a meus textos, mas a qualquer livro ou artigo e assim por diante. Não leia sem tempo.
Quando escrevo que estou (ou quero estar) absolutamente livre de certezas e de coisas óbvias, isso significa, não só mas principalmente que quero ter o direito de achar. Não achar no sentido de encontrar o que foi perdido (será?), mas no sentido de entusiasmar o "achismo", ainda que não seja muito científico.
E assim veremos...
Eu acho que algumas coisas devem ser ditas em benefício das mesas. Quais mesas? A do bar, qualquer que seja o bar; e a da sala de jantar, especificamente a da minha casa.
Sobre a mesa do bar, como qualquer um que me conhece bem poderá dizer, gosto muito dela e me habituei a encará-la sozinho, se preciso for. Isso é por causa de minha intimidade com a figura do Lobo da Estepe, de Herman Hesse (vou verificar a ortografia do nome depois). Aprendi a ser só, por razões que não importam.
Mesmo assim, não é sempre que a mesa do bar se vê apenas na minha companhia. Amigos próximos que tenho muitas vezes integram essa exaustiva, interminável e deliciosa busca filosófica pelas respostas que nos são necessárias, respeitadas as proporções individuais, naturalmente.
Essa busca, acompanhada ou não, ensinou-me sobre um limite. Um limite que não necessariamente resolve, nem tampouco conforta, mas a existência dele pode ajudar bastante em determinados momentos. Esse limite é o limite da lógica. Quer dizer, basicamente, que, às vezes, o contexto transcende de tal forma que a lógica humana passa a deixar a desejar. Porque a lógica humana só compreende e se faz últil até onde vai o conhecimento de quem a usa.
Ocorre que há coisas (coisas humanas) sobre as quais não se tem o necessário conhecimento para se apreciar com o uso da lógica. Aí é o caso de transcender. O que é ilógico não é necessariamente errado, ainda que o possa ser. Pode acontecer de esse ilógico estar além daquilo que se conhece. Enquanto não se conhece, ilógico é, e esse ilógico se resolve por caminhos nitidamente ilógicos e, portanto, transcendentais também.
É possível gostar ou até amar uma pessoa sem razão objetiva nenhuma para tanto. O amor é essencialmente ilógico e será sempre obtido sem base lógica enquanto ilógico for. Então, cauteloso leitor, cuja leitura recebo como homenagem, tenho a dizer que o amor, por ilógico que é nunca poderá ser ponto final, mas sim ponto e vírgula, a partir do qual seguem todas as nossas ações em busca dessa imensa dor de paz que é amar.
Isso não é instinto animal ou algo do gênero... É amor; é ilógico; é transcendental por natureza, em busca de um conhecimento que ainda não se tem de verdade. O que me leva à mesa da sala de jantar.
Por um acaso, alguém aí consegue explicar, por meio de lógica, porque amamos nossos pais, irmãos, primos e assim por diante? Não há lógica! Apenas há amor; incondicional e com tendência a transbordar, nos melhores casos.
Na prática, isso quer dizer exercer um dos direitos mais importantes e fundamentais do homem: o direito de defender quem se ama. Porque, muitas vezes, esse tal de amor nos dá mais vida do que nos podemos criar para nós mesmos.
O amor é o sentimento mais metafísico que existe. É como percebemos o que significa o conceito de unidade; de UNIverso. Se você tem problemas em amar a si, ame alguém, porque é sempre recíproco; é sempre a mesma coisa. Amar é amar. Pode não parecer muito, mas o que é muito ilógico é proporcionalmente fascinante.
Cultive bem os amores da mesa da sala de jantar. Depois, os da mesa do bar. Depois, todos os outros. Mas, por favor, ame.
Acho eu. Canto eu. Amo eu o amor meu de amar o amor que ama o amor.

4 Comments:

Blogger Unknown said...

Estou fascinada com seus textos, mais um talento seu....abusado!!!
So nao acho tao sem explicacao o fato de amarmos nossa familia, afinal, temos maior facilidade de amarmos o q nos esta proximo, o q temos como referencia....
O q me admira e nossa capacidade de amar, nao tem cota para isso. Uma pena, e o grande numero de pessoas q exerce pouco essa pratica, lamentavel!!!

Alias, amo muuuuitoooo vc!!!!!
Boa noite...

2:26 AM  
Blogger Pedro said...

Gianini, muito bom.

Gostei do texto, tão
recheado de boas frases.

10:44 AM  
Blogger Nayana said...

Paulinho Gianini: Admiro demais!!!
A mesa de jantar....ela me faz falta, visto que moro sozinha, né...entendo bem quando você explica o amor através dela...e me confortou ler seu texto....me deu um bem-estar inexplicável...legal né? hihi

beijão querido. adoro-te.

10:58 PM  
Blogger Unknown said...

Parafraseando o plano que tomamos por defesa do amor, adjeto do ser que queira adquirir a condição humana: to sing the blues you´ve got to live the tunes ... a cada fração de cheiro, gosto, melodia ou olhares .. puta texto, paulo !

11:13 PM  

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