CRÔNICA DA VAIDADE
Existe razão para o silêncio. Existe razão para a falta de olhos nos olhos, para os diálogos dispersos e sem importância; para os dedos ocupados que quase acabam em nó; para os olhos ocupados em um só ponto, esquecidos do mundo que os cerca; para as fitas métricas nas gavetas adolescentes; para a matemática exclusiva dos quilogramas.
Existe razão para a ocupação excessiva das tesouras, pentes e escovas de cabelo; para os espelhos retrovisores mal posicionados dentro dos carros; para o alto preço dos pincéis e lápis, que não mais pintam casas ou escrevem poemas ou cartas, mas reformam os rostos das mulheres.
Existe razão para a audiência das novelas e programas de baixaria; para a popularidade de tudo que é light, diet e sugar free; para as prateleiras das farmácias repletas de condicionadores, mas remédios apenas ao fundo e a preços altos.
Pobre diabético! Pobre cardíaco! Ricos cabelos! Ricas sobrancelhas!
Existe razão para a vacuidade das bibliotecas; para a lotação das lojas de alta costura; para o preço do café na esquina da Bela Cintra com a Oscar Freire; para a falta do café nas esquinas de Paraisópolis.
Existe razão para os beijos derramados e pisoteados nos galpões eletrônicos dos “altos bairros” da cidade de São Paulo; para a escassez de beijos bem dados nos cantos escuros das casas de jazz e bossa nova.
Existe razão até para a escassez das próprias casas do bom jazz e da boa bossa nova. Existe razão para o agrupamento juvenil em shoppings espalhados por aí. Existe razão para quase tudo que se vê.
Porém, razão não há para deixar vigorar esse mundo do espelho, do sobrenome, da marca da calça ou do ano do carro.
Existe razão para a ocupação excessiva das tesouras, pentes e escovas de cabelo; para os espelhos retrovisores mal posicionados dentro dos carros; para o alto preço dos pincéis e lápis, que não mais pintam casas ou escrevem poemas ou cartas, mas reformam os rostos das mulheres.
Existe razão para a audiência das novelas e programas de baixaria; para a popularidade de tudo que é light, diet e sugar free; para as prateleiras das farmácias repletas de condicionadores, mas remédios apenas ao fundo e a preços altos.
Pobre diabético! Pobre cardíaco! Ricos cabelos! Ricas sobrancelhas!
Existe razão para a vacuidade das bibliotecas; para a lotação das lojas de alta costura; para o preço do café na esquina da Bela Cintra com a Oscar Freire; para a falta do café nas esquinas de Paraisópolis.
Existe razão para os beijos derramados e pisoteados nos galpões eletrônicos dos “altos bairros” da cidade de São Paulo; para a escassez de beijos bem dados nos cantos escuros das casas de jazz e bossa nova.
Existe razão até para a escassez das próprias casas do bom jazz e da boa bossa nova. Existe razão para o agrupamento juvenil em shoppings espalhados por aí. Existe razão para quase tudo que se vê.
Porém, razão não há para deixar vigorar esse mundo do espelho, do sobrenome, da marca da calça ou do ano do carro.
Razão de verdade há em dizer que pela escada que sobe a vaidade, desce a sabedoria.
1 Comments:
Bem legal o texto.
Gostei.
Abs.
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