VILA E VILA
Vou tratar do assunto objetivamente. Quero evitar acusções desnecessárias. Vou contar sobre minha última experiência na Vila Olímpia. É um bairro de São Paulo. Cheio de bares e "baladas", como se costuma dizer. Já havia abandonado a região há muito tempo, principalmente para fins de entretenimento. Só voltei em razão do grande respeito que tenho pelos amigos, em especial o que fazia aniversário quinta-feira passada. Por isso, fui. Mas não volto mais.
Vamos por partes. Ao chegar, de carro, perguntei ao manobrista do lugar o preço do estacionamento. R$ 12,00. Achei estranho. Por quê? R$ 10,00 não bastam? Eu penso que sim. A seguir, diri-me à porta de entrada e disse à senhorita que me "recepcionaria": - Boa noite. Silêncio total. Após a inércia, ela responde: - Seu nome?
Será que as coisas mudam assim, tão rápido? "Boa noite, qual o seu nome, por favor?" Seria o ideal. Não, não. Na Vila Olímpia as pessoas o pressupõe um idiota. Meu boa noite passou em branco porque as 100 pessoas que entraram antes de mim não o disseram. Tudo bem, é aniversário do Leonel. Isso passa.
Logo depois de entrar, pedi ao garçom uma cerveja. Nada mais justo, depois de não ter recebido um boa noite. Tive de reiterar o pedido várias vezes, até que o garçom justifica: - Já trouxe a cerveja faz tempo!
Em termos práticos, isso significa que eu precisei convencê-lo de que, embora houvesse uma cerveja marcada na comanda, eu não a havia tomado, porque ele não havia, ao contrário do que disse, trazido a maldita cerveja (caríssima, diga-se de passagem).
Aí, veio a banda. "Uma das melhores da noite", disse-me Leonel. Após duas ou três músicas fiquei convencido de que era uma grande mentira. Uma bela porcaria. E não pretendo falar das pessoas, do público. Minhas ofensas seriam impublicáveis. Registro apenas o seguinte: que o inferno aumente suas instalações, porque, se ignorância condenar, a coisa vai ficar feia... e quente.
Portanto, e por isso, prefiro a Vila Madalena. O estacionamento é mais barato, 'boa noite' é uma expressão conhecida, o garçom não dá uma de malandro e a música agrada. Para mim, chega de Vila Olímpia. Ela só serviu para eu fortificar o conceito de NUNCA MAIS.
Até.
2 Comments:
Então ano que vem faço na Vila Madá!!!!!!!!!!! rsrs
Leonel
Vila Olímpia Nunca Mais.
Eu participaria deste movimento social com a maior convicção.
Há algum tempo decidira jamais retornar ao bairro a partir do entardecer, quando suas ruas são tomadas de carros repletos de pessoas muito diferentes de mim, que às vezes me fazem sentir-me um pouco anti-social - coisa que absolutamente não sou - pelo tipo de sociabilidade que propõem através de seu modo de se comportar.
Bem, assim como você, prezo muitíssimo as amigas.
Abri uma excessão no aniversário da Mari e, muito a contra-gosto, acedi ao convite sem dramas ou comentários. Minha alegria era estar com ela e homenageá-la.
Cheguei cedo, evitando o trânsito da chegada e alcançando momentos de privacidade à mesa, pois o bar estava absolutamente vazio.
Gigante. Porque estes olhos tão grandes? Porque estas orelhas tão compridas? Porque esta boca tão cheia de dentes enormes?
Logo logo eu entenderia...
A garçonete me agradecia os bons tratos. Sim, pois a olhei nos olhos, reparei no seu sotaque, me interessei pela sua origem e pelo seu destino, brinquei com ela e agradecia a cada pequeno gesto de cortesia de sua parte.
Ela ficou desconcertada e me contou que ali as pessoas sequer diziam boa noite e quis ficar minha amiga. Durante toda a noite ela encontrava um jeitinho de se aproximar de mim e me fazer rir de alguma coisa.
Fora isto, foi uma noite de concessões.
A música não me agradava. O volume da música me impediu de fazer o que eu queria: conversar com os amigos.
Impossível ouvir, fomos dançar.
A pista era minúscula e não nos comportava. Além disso, parecia uma vitrine para onde círculos concêntricos de gente nos olhavam como se fôssemos mercadoria.
Sem falar nos trajes que escondiam as pessoas dentro deles. As pessoas pareciam aquela pista de dança: vitrines ambulantes.
Diante de tanta concessão, só me restava beber. Mas o preço da bebida era de tal forma ultrajante que me limitei a uma dose de cachaça.
Eu já teria ido embora, sentia que cumprira minha parte no contrato. Mas um amigo meu iria fazer o som da banda que estava sendo aguardada e eu aguardei.
Quando chegou o grande momento eu já quase não respirava, pois havia mais de mil pessoas no cubículo todo vedado. A boca me engulira e os dentes me mastigavam. Eu me contorcia e não conseguia escapar daquelas mandíbulas.
A garçonete amiga tentou me salvar, mostrando a luz no fim do túnel. Insistiu para que eu ficasse, mas expliquei que não havia pares para mim e que o volume do som a qualquer momento iria estourar o meu tímpano. Ela me achou muito engraçada pois nada do que eu dizia fazia sentido para ela.
Paquei e saí. Enfim iria para casa.
Uma hora de relógio mais tarde, morta de fome, de sede e de tédio, convivendo com a fauna que ocupava uma fila que virava o quarteirão para entrar na esfinge, chegou o meu carro.
Meus amigos que saíram meia hora depois de mim pegaram os carros antes.
Lógico: uma das primeiras a chegar, havia cerca de trocentos carros entre o meu e a saída.
Qual a conclusão?
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