DIA 31, ESTRELAS CADENTES E ESTRELAS ASCENDENTES
Os falsos conceitos e a atualização prática das resoluções.
Ao pensar adequadamente a respeito, a conclusão inescapável é a de que o reveillon (assim como o natal) não passa de uma grande pulhação. O sábio diria que um ano possui 364 reveillons.
Porque o critério, a despeito de simplicidade, pode ser considerado absolutamente patético. Todo o calendário é um erro. Vejamos...
Os meses variam entre aqueles com trinta dias e aqueles com trinta e um dias, exceto um, fevereiro, em que correm vinte e oito dias. Porém, não pára por aí. A cada quatro anos, há a invenção do ano bisexto, que adiciona o vigésimo nono dia a fevereiro, "para não dar errado".
E tem mais, acredite. Há o calendário judeu - já passa do ano cinco mil -, o calendário lunar e assim por diante. Ou seja, calendário é pura palpitologia científica com pretensão de avanço.
É uma histeria, na verdade. Só porque bate meia-noite temos que estourar garrafas, fazer brilhar o céu pela combustão de metais pesados? Será que tudo não passa de uma desculpa esfarrapada para a ingestão desequilibrada de álcool? Será que tudo não passa de um ânimo inexplicável em trocar o calendário da comgás da dispensa? Será, no fim das contas, que tudo não passa do último ato de desespero que revela a vontade de mudar alguma coisa, em si ou nos outros?
Eu sei e é claro que não faz mal a ninguém desejar. Mas, então, atenção aos chineses: "cuidado com o que deseja".
Eu ainda tenho vinte e dois anos e aprendi uma coisa em todas essas viradas de ano que passei. Algo faz com que sempre desejemos coisas em termos genéricos. Paz, alegria, saúde e assim por diante.
Isso tudo é muito justo, mas nos distancia do mínimo de objetividade de que se precisa para satisfazer o que é geralmente chamado de "resolução", "pretensão", "plano", ou seja lá como se possam chamar as pretensões para o ano que chega, por acidente de calendário, mas, ainda assim, chega.
Esse ano novo, que anunciou sem erro 2008, a despeito das críticas que fiz acima, fiz de fato com diferença os mesmos criticados desejos. Porque não os fiz absolutamente.
O que fiz foi compreender aquilo que achava que deveria fazer. Sedimentei, isso sim, discos que tenho que terminar e lançar - Fabulosa Banda do Curinga -, trabalhos que devo terminar - monografia, faculdade -, paixões (paixão, amor e assim por diante) que devo perseguir - Olívia Vettore -, cuidados que devo tomar - meu pai, principalmente, que sofreu uma queda no dia 30.
A diferença, dessa vez, realmente está em isolar as pretensões genéricas e levar à plena luz a mínima objetividade necessária.
Dessa vez não fiquei na virada do ano esperando uma estrela cadente para fazer um pedido ou coisa que o valha. Porque o que temos de fazer no ano que chega não vem de nenhum lugar que não seja nós mesmos.
Logo, reveillon não é estrela cadente, mas sim e fundamentalmente uma estrela nascente em cada um de nós, querendo ascender, que devemos elevar ao pedestal justo de astro, pertencente ao cosmos, ao infinito, ao verdadeiro amor e ânimo de evolução.
Isso sim é Feliz Ano Novo.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home