SOBRE A SUBJETIVIDADE E A TEORIA DAS TRAMAS
Saber é buscar. Não é saber em si. Saber em si não dura muito mais do que alguns segundos, de acordo com as medidas temporais dos homens. A busca, ela sim, nos revela a evolução em potencial.
Pois que a sabedoria não nos revela, nem remotamente, uma verdade. Esta, por sua vez, recebe o frio daquela velha impressão: a verdade será sempre buscada, porém, jamais atingida.
A claridade que se forma diante de mim é no sentido de tomar uma decisão de vida e morte: o que é a sua vida a ponto de valer morrer por isso? Pois que, se a busca nos revela o caráter; se a busca nos revela a potência; se a busca nos dá noção do potencial evolutivo, então, a boa vida é a vida busca pelo que se decidiu morrer.
É cruel, na verdade. Cruel porque deveria significar a insignificância de qualquer reslutado objetivo que viesse em razão de uma busca. O que, a propósito, contraria radicalmente a teoria de Schopenhauer, segundo quem o método desaparece com a obtenção dos resultados.
Entretando, difícil discutir com a hipótese de que o Saber não existe de fato. Tales de Mileto sugeriu: "tudo não passa de uma trama de opiniões". Em sendo correta a opinião do filósofo, verdade não pode haver, pois que dependeria de um resultado que se revelasse atemporal.
Nesse cenário, a subjetividade prevalece. Se a verdade é uma trama de opiniões e se a vida é a busca, tudo o que se sabe está diretamente vinculado a uma decisão.
Carlos Drummond de Andrade escreveu com maestria; peço licença para citar esses versos brilhantes do poema A Verdade:
"A porta da verdade estava aberta,
Mas só deixava passar
Meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil de meia verdade,
E a sua segunda metade
Voltava igualmente com meios perfis
E os meios perfis não coincidiam verdade...
Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta,
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela
E carecia optar.
Cada um optou conforme
Seu capricho,sua ilusão, sua miopia."
Será que verdade é conforto?
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