13.10.06

Ó
Do Borogodó. À luz do nome não se pensa bem do lugar. Mas é proposital. Mantém os indesejáveis longe, ainda que muitos dos entusiastas o sejam. É uma casa de samba; é uma escola de música. É o que dá sentido ao desconexo. Eu vou lá. Mas não existo lá. Fico de canto, próximo à porta. Sei que vou desaparecer, então já me faço meio desaparecido. Quem me quer, quer daquele jeito, não jeito normal, no meio, extrapolando. Minha diversão é não fazer parte da diversão. No meu universo sei o que faço. Sei quando não faço parte de um universo. Mas, certamente, o Ó é o meu lugar.
Meu dinheiro não importa lá, mas é lá que ele fica. Lá, o fato de o meu carro não ser blindado é tido como bom sinal. Lá, o samba não é múscia de velho. É música de gente. Lá é para quem tem pretensão de viver. Lá é o Ó do Brogodó.
Não estou fazendo um convite. Quem não sabe o nome de três músicas do Cartola que não me apareça por lá. O Ó não é para quem não sabe das coisas. Onde eu posso ser, simplesmente.
"Deixa. Ninguém vive mais do que uma vez. Deixa. Diz que sim para não dizer talvez." (V. M.)
Sim. Eu vou ao Ó hoje.